Apocalipse I Parte

Ele era uma pessoa extremamente calada

Aos poucos que ouviam sua voz era praticamente um sussurro

Trabalhava no subsolo de uma importante empresa

Era muito inteligente, entendia de eletrônica e desenvolvia programas para computadores e celulares

E mais uma vez podia ouvir seus amigos de trabalho cochichando e rindo por trás dele

“Lá está ele mais uma vez tentando criar um gerador caseiro, não seria mais fácil comprar um destes pela inernet?”

O fato é que seu projeto particular deveria resolver um problema de abastecimento de energia elétrica cuja fonte não dependesse somente do sol ou vento, mas de ambos e tendo um terceiro ou quarto elementos como geradores.

Costumava ter tudo no computador, ter uma cópia no pendrive, uma na nuvem e outra impressa em papel, era realmente obcecado por segurança

De repente os risos pararam, pois na TV ia ter um informe importante de nível nacional. A algum tempo todos os cientistas do país se reunião com frequência para resolverem uma catástrofe que estava prestes a eclodir, infelizmente os políticos se mantinha alheio a este projeto, pois não acreditava de forma alguma no que poderia acontecer, seria um investimento muito alto em algo que era apenas uma hipótese, então os cientistas se aliaram ao empresariado nacional e tocaram avante seus projetos, com recursos próprios. Alguém correu próximo a tv e aumentou o volume: “Prezados cidadãos é com tristeza que venho lhes informar...

De um sobressalto ele acordou, ainda não havia se acostumado a escuridão da caverna fria e húmida, infelizmente no meio da noite o fogo se apagara. Olhou no relógio, já era nove horas, estava atrasadíssimo, tinha que ter acordado umas sete ou oito horas, devia correr que ainda daria tempo para recolher algumas raízes locais, recolher um pouco de água e voltar rapidamente para caverna. Lá fora a temperatura já beirava os quarenta graus e passada as dez horas poderia aumentar para quarenta e cinco ou mais.

Já fazia um ano que estava morando nessa caverna, desde que as calotas polares derreteram e o oceano invadiu todas as cidades litorâneas, ainda podia se lembrar da correria e aflição da população, os veículos sofreram danos irreversíveis então os pouco que acreditaram no evento subiram pela estrada a pé, os que ficaram morreram afogados, os que estavam no meio do caminho sofreram a mesma má sorte, os que estavam avançados morreram de desidratação pois enfrentaram o forte sol dos dias que se seguiram, ele não tinha a menor ideia de quantos conseguiram sobreviver, ou mesmo onde estavam.

Ele com o pouco conhecimento que tinha de sobrevivência, preferiu vir por dentro da mata, de dia se escondia em alguma gruta ou caverna local e a noite saia para avançar e fazer o reconhecimento da área, buscava sempre lugares em que podia se aprofundar de baixo do solo para ficar o máximo possível longe do sol escaldante e próximo de algum veio d’água, sua meta era chegar até a Amazônia e ver se ainda existia modo de subsistência. Ele tinha ciência também, que mesmo na mata não estava protegido, pois se o caminho lhe levasse a alguma mata ressequida um incêndio por combustão espontânea era algo frequente naqueles dias que se seguiam. Neste momento ele estava chegando quase no Planalto de Piratininga e alcaçaria a primeira cidade interiorana em breve.

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